Landscape - Freguesia de Arnóia / Riding Portugal

Hello everyone and welcome to my blog :-)

I climbed the hill without any great expectations. I had heard that from the top I could see everything, whatever that meant. But everyone's everything is very subjective, and since I'm a person who believes more in what I see than in what I'm told, I decided to go and see for myself. The morning was already advanced, and the heat was pressing as if it were the height of August, and not in what, technically, should still be a mild spring.

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Subi o monte sem grandes expectativas. Tinha ouvido dizer que lá do alto se podia ver tudo, o que quer que isso quisesse dizer. Mas o tudo de cada um é muito subjetivo, e como sou pessoa de acreditar mais no que vejo do que no que me dizem, resolvi ir verificar por mim. A manhã já ia avançada, e o calor apertava como se estivéssemos no auge de Agosto, e não naquilo que, tecnicamente, ainda deveria ser uma primavera moderada.

The path, winding and lined with bushes scented with rosemary and brooms, demanded more from my legs than I expected. But there was something in that silence interrupted only by the birdsong and the buzzing of insects that focused on my legs that kept me going. I felt far from everything, even though I knew that, just around the corner, there were houses and people going about their lives as if nothing was happening.

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O caminho, sinuoso e ladeado de mato perfumado com rosmaninho e giestas, exigia mais das pernas do que eu estava à espera. Mas havia qualquer coisa naquele silêncio interrompido apenas pelo canto dos pássaros e pelo zumbido dos insetos que se focavam nas minhas pernas e que me fazia continuar. Sentia-me longe de tudo, mesmo que soubesse que, ao virar da encosta, havia casas e pessoas com a sua vida a desenrolar-se como se nada fosse.

When I finally reached the top, or rather, what for me was more than enough of a top :) I came across a picture postcard-worthy scene. The landscape opened up into a wide horizon, revealing a generous valley dotted with ramshackle houses, walled backyards, cultivated fields and, surprisingly, an unexpected number of swimming pools. From above, they looked like small turquoise spots fitted into lush gardens, like pieces of a carefully assembled jigsaw puzzle.

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Quando finalmente atingi o topo, ou melhor, o que para mim foi o topo mais do que suficiente :) deparei-me com um quadro digno de postal ilustrado. A paisagem abria-se num largo horizonte, revelando um vale generoso salpicado por casas desalinhadas, quintais murados, campos cultivados e, surpreendentemente, um número inesperado de piscinas. De cima, pareciam pequenas manchas azul-turquesa encaixadas em jardins verdejantes, como peças de um puzzle cuidadosamente montado.

The houses, many of them clearly restored, blended the traditional with the modern. There were granite walls covered in ivy, slate roofs shining in the sun, wooden balconies where clothes danced in the wind. The scenery was bucolic, almost cinematic.

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As casas, muitas delas claramente restauradas, misturavam o tradicional com o moderno. Havia muros de granito cobertos de hera, telhados de ardósia reluzentes ao sol, varandas em madeira onde as roupas dançavam ao vento. O cenário era bucólico, quase cinematográfico.

I embraced that moment with a smile. I sat down on a rock warmed by the sun, and let myself be. My body was grateful for the break, but it was my mind that benefited most. There, at that high point, far away but close, I realized that there is a profound difference between looking and seeing. From above, we can see more than meets the eye. We capture patterns, rhythms, relationships. And sometimes, if we are quiet enough, we can even see inside ourselves.

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Abracei aquele momento com um sorriso. Sentei-me numa pedra aquecida pelo sol, e deixei-me ficar. O corpo agradecia a pausa, mas era a mente que mais se beneficiava. Ali, naquele ponto alto, longe mas perto, percebi que há uma diferença profunda entre olhar e ver. Do alto, conseguimos ver mais do que aquilo que o olhar alcança. Captamos padrões, ritmos, relações. E às vezes, se estivermos suficientemente quietos, conseguimos até ver dentro de nós.

While the children dived into the pools and the adults stayed in the shade of the porches, I allowed myself a little reflection. That landscape was not only beautiful, it was alive. There were stories there of those who built with their own hands, of those who left and returned, of those who decided to transform their grandparents' old house into a little corner of leisure, or a refuge for visitors in search of the peace that urban centers no longer know how to offer.

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Enquanto as crianças mergulhavam nas piscinas e os adultos se deixavam ficar nas sombras dos alpendres, eu permiti-me uma pequena reflexão. Aquela paisagem não era só bonita, era viva. Havia ali histórias de quem construiu com as próprias mãos, de quem saiu e voltou, de quem decidiu transformar a velha casa dos avós num recanto de lazer, ou num refúgio para visitantes em busca da tal paz que os centros urbanos já não sabem oferecer.

But I also thought about the absences. Because for every house with a new pool, there will be another that has been left empty, waiting for someone who will never return. I thought about the neighbors who no longer know each other by name, because now more guests cross paths than residents. And yet, there is a serene beauty in this cycle of transformation. Perhaps the secret lies in balance and the mountain, that old guardian of stones and roots, seemed to have known this for a long time.

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Mas também pensei nas ausências. Porque por cada casa com uma piscina nova, haverá uma outra que ficou vazia, à espera de alguém que já não volta. Pensei nos vizinhos que deixaram de se conhecer pelo nome, porque agora se cruzam mais hóspedes do que residentes. E ainda assim, há uma beleza serena nesse ciclo de transformação. Talvez o segredo esteja no equilíbrio e o monte, esse velho guardião de pedras e raízes, parecia saber disso há muito tempo.

I stayed there a little longer, taking in everything I could. The wind was starting to blow cooler and making the pine leaves that protected me from the direct sun dance. A cheeky butterfly landed on my backpack, as if it also wanted to share the moment. And in that improvised stillness, I felt a kind of belonging, as if that place had accepted me, even without a formal invitation.

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Fiquei ali mais um pouco, a absorver tudo o que podia. O vento começava a correr mais fresco e fazia dançar as folhas dos pinheiros que me protegiam do sol direto. Uma borboleta atrevida pousou na minha mochila, como se também quisesse partilhar do momento. E eu, naquela quietude improvisada, senti uma espécie de pertença, como se aquele lugar me tivesse aceitado, mesmo sem convite formal.

Before getting up to go down, I took one last look. The same view, but different now. Because when we stop to think, even if it's just for a few minutes, the world seems to reorganize itself around us. It takes on new contours, deeper meanings. That rural area with its well-kept houses and spring pools stopped being just a pretty setting. It became, for a few moments, the mirror of what we so often seek: a sense of purpose, a pause, a place where everything makes sense, even if we don't know exactly why, but simply because I need to feel that way in this piece of land full of constant conflicts.

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Antes de me levantar para descer, olhei uma última vez. A mesma vista, mas agora diferente. Porque quando paramos para pensar, mesmo que seja só por uns minutos, o mundo parece reorganizar-se à nossa volta. Ganha contornos novos, significados mais profundos. Aquela zona rural com as suas casas cuidadas e piscinas de primavera deixou de ser apenas um cenário bonito. Passou a ser, por breves instantes, o espelho daquilo que tantas vezes procuramos, um sentido, uma pausa, um lugar onde tudo faz sentido, mesmo que não saibamos exatamente porquê, mas simplesmente porque preciso de me sentir assim neste pedaço de terra repleto de constantes conflitos.

The descent was easier, perhaps because I had left some of the weight up there. On the way back, I could still hear one last dive, one last laugh, before the sounds faded into the distance. And as I walked, I thought that you don't always have to go far to find a moment of truth. Sometimes, you just have to climb a hill, listen to the world and be silent.

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A descida foi mais leve, talvez por ter deixado parte do peso lá em cima. No caminho de volta, ainda consegui ouvir um último mergulho, um último riso, antes que os sons se diluíssem na distância. E enquanto caminhava, pensei que nem sempre é preciso ir longe para se encontrar um momento de verdade. Às vezes, basta subir um monte, ouvir o mundo e ficar em silêncio.

I hope you enjoyed.
See you around.
Wishing you much peace and health

Those who pass by us do not go alone. They leave a bit of themselves, taking a piece of us."
Author: Antoine de Saint-Exupery, The Little Prince.

Text & Photography by @Onyfest