Forjães Village - Esposende / Riding Portugal

Hello everyone and welcome to my blog :-)

I must confess that it had never occurred to me to write about Forjães, this small rural gem in the municipality of Esposende, better known, at least to me until that afternoon, as “that place where the GPS told me to turn right without much explanation”. But sometimes, the best moments are not the ones we plan, they are the ones that happen to us when the universe decides to shuffle our schedule and offer us an hour of peace, stretched legs and an unexpectedly beautiful view of the river.

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Confesso que nunca me tinha passado pela cabeça escrever sobre Forjães, essa pequena pérola rural do concelho de Esposende, mais conhecida, pelo menos para mim até àquela tarde, como “aquele sítio onde o GPS me mandou virar à direita sem grande explicação”. Mas às vezes, os melhores momentos não são os que planeamos, são os que nos acontecem quando o universo decide baralhar a agenda e oferecer-nos uma horinha de paz, pernas esticadas e uma vista inesperadamente bonita sobre o rio.

It all started with a meeting, one of those formal ones, with a serious face and Excel to match, with a client who, to my surprise, chose Forjães as the headquarters of his company.
The client said goodbye with a firm handshake and a “see you soon then”, and I prepared myself for the next appointment of the day, which was a virtual meeting. But as the gods of scheduling sometimes like to play tricks, I received a notification: meeting cancelled. Cancelled! Or, if you prefer, unexpected freedom to try to fill at least one full hour.

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Tudo começou com uma reunião, daquelas formais, com cara séria e Excel a condizer, com um cliente que, para minha surpresa, escolheu Forjães como sede da sua empresa.
O cliente lá se despediu com um aperto de mão firme e um “então até breve”, e eu preparei-me para o próximo compromisso do dia que er uma reunião virtual. Mas como por vezes os deuses da agenda gostam de pregar partidas, eis que recebo uma notificação: reunião cancelada. Cancelada! Ou, se preferirem, liberdade inesperada para tentar preencher durante pelo menos uma hora inteira.

I parked the car next to the Neiva River, one of those rivers that looks like it was hand-painted to illustrate elementary school books, calm, clear, surrounded by lush vegetation, with the occasional bird acting as a natural tourist guide. The breeze was cool, the sun peeked through the clouds as if to say “go, enjoy it” and I obeyed. I got out of the car, stretched my arms, heard a crack in one shoulder blade that made me promise to go back to the gym, and started walking.

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Estacionei o carro junto ao rio Neiva, um daqueles rios que parece que foram pintados à mão para ilustrar livros de escola primária, calmo, límpido, rodeado de vegetação verdejante, com uma ou outra ave a fazer figura de guia turístico natural. A brisa estava fresca, o sol espreitava por entre as nuvens como quem diz “vá, aproveita” e eu obedeci. Saí do carro, estiquei os braços, ouvi um estalido numa omoplata que me fez prometer voltar ao ginásio, e pus-me a caminhar.

Forjães is one of those places that mixes the rural with the poetic. Its history goes back to ancient times, when the fertile banks of the river provided sustenance for populations dedicated to agriculture and, of course, forging, hence the name. Legend has it that much more than iron was forged in this land; generations of men and women with calloused hands and huge hearts were forged. And you can feel it on the streets, in the stone houses with flower pots in the windows and in the warm greetings of those who pass by and wave, even without knowing who the stranger is.

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Forjães é um daqueles lugares que mistura o rural com o poético. A sua história remonta a tempos longínquos, em que as margens férteis do rio proporcionavam sustento a populações dedicadas à agricultura e, claro está, à forja ,daí o nome. Reza a lenda que nesta terra se moldou muito mais do que ferro; moldaram-se gerações de homens e mulheres de mãos calejadas e corações enormes. E sente-se isso nas ruas, nas casas de pedra com vasos floridos às janelas e nos cumprimentos calorosos de quem passa e acena, mesmo sem saber quem é o forasteiro.

During the walk, I found myself contemplating small wonders of rural life: a man washing his tractor, a lady hanging clothes on a clothesline with colorful pegs and another lady picking cabbages from her garden. Life there flows at a different pace, without rushing, without pressure, without notifications vibrating in my pocket. Okay, they did vibrate, but I ignored them, which is a dying art.

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Ao longo do passeio, dei por mim a contemplar pequenas maravilhas do quotidiano rural: um senhor a lavar o trator, uma senhora a pendurar roupa num estendal com molas coloridas e outra senhora a colher couves da sua horta. A vida ali corre noutro compasso, sem pressas, sem pressões, sem notificações a vibrar no bolso. Ok, vibravam, mas eu ignorei, que é uma arte em vias de extinção.

At a certain point, I came across a bridge in the middle of the river. I closed my eyes. I breathed in. I heard the sound of running water, birds chirping and a motorcycle that seemed to be in urgent need of repair. Even so, at that moment, I felt as if I had discovered one of those places where time seems to slow down just to give us space to breathe better.

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A certa altura, deparei-me com uma ponte no meio do rio. Fechei os olhos. Inspirei. Ouvi o som da água a correr, dos passarinhos a chilrear e de uma motorizada que parecia precisar urgentemente de reforma. Ainda assim, naquele momento, senti que tinha descoberto um daqueles lugares onde o tempo parece abrandar só para nos dar espaço para respirar melhor.

As I walked back to the car, I came across a stray dog ​​who seemed determined to follow me. I named him Batista, of course, a leading role in my imaginary narrative and a soap opera-worthy “goodbye” when he finally got distracted by a piece of bread left by someone generous. Life, sometimes, is also made up of these little side plots.

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Enquanto caminhava de regresso ao carro, cruzei-me com um cão vadio que parecia decidido a seguir-me. Dei-lhe o nome de Batista, claro está, um papel principal na minha narrativa imaginária e um “adeus” digno de telenovela quando ele finalmente se distraiu com um pedaço de pão deixado por alguém generoso. A vida, às vezes, também é feita destes pequenos enredos paralelos.

I returned to the car with a lighter soul and a renewed spirit. And if someone asks me if I recommend Forjães, I will say yes, of course, especially if they have a canceled meeting and an hour to fill with quality. Because sometimes, the best detours are the ones that make us stop to see what we never thought to look for.
And if, by chance, you see a dog named Batista sniffing the tires of your car, tell him I send you my regards.

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Voltei ao carro com a alma mais leve e o espírito renovado. E se alguém me perguntar se recomendo Forjães, direi que sim, claro, especialmente se tiverem uma reunião cancelada e uma hora para preencher com qualidade. Porque às vezes, os melhores desvios são aqueles que nos fazem parar para ver o que nunca pensámos procurar.
E se, por acaso, virem um cão chamado Batista a cheirar os pneus do vosso carro, digam-lhe que mandei cumprimentos.

I hope you enjoyed.
See you around.
Wishing you much peace and health

Those who pass by us do not go alone. They leave a bit of themselves, taking a piece of us."
Author: Antoine de Saint-Exupery, The Little Prince.

Text & Photography by @Onyfest